Áreas externas das casas e dos prédios de apartamento são cada vez mais usadas para o lazer dos moradores. E boa parte deles está descobrindo os benefícios da sonorização desses ambientes. Varandas, churrasqueiras e espaços de convivência, assim como piscinas e quadras esportivas, podem se tornar bem mais agradáveis com o uso de música ambiente.
Essa tendência pode ser confirmada na revista HOME THEATER & CASA DIGITAL, “Vivemos num País tropical, característica que combina com a distribuição de caixas acústicas por vários ambientes, inclusive áreas externas”, afirma Carlos Dalmarco, da Syncrotape, que representa no Brasil a marca canadense de caixas Acústicas Paradigm.
Mas, obter um bom rendimento sonoro em espaços abertos e sujeitos a variações climáticas não é uma tarefa simples. Em primeiro lugar, áreas externas exigem o uso das caixas acústicas chamadas outdoor (ou all-weather). Disponíveis em vários formatos, tamanhos e cores, esses modelos são produzidos para suportar variações climáticas, que incluem sol, chuva, vento, calor e frio.
E nem todas as caixas externas são iguais. “Nas varandas ou nas áreas cobertas por laje, telhado ou forro de gesso, costumo sugerir o uso de modelos de embutir”, comenta o projetista Roberto Molnar, que representa as caixas Projekt, de fabricação nacional. “São modelos indicados para áreas com pé-direito entre 2m80 e 3m. Como existe uma grande dispersão sonora em áreas abertas, convém manter uma distância de, no máximo, 3 metros entre cada caixa externa de embutir.”
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Projeto com caixas à prova de tempo instaladas na beira da piscina. |
A instalação é simples e segue os mesmos passos de um projeto de home theater com caixas embutidas. De qualquer forma, o acompanhamento de um profissional especializado é indispensável. Depois de dimensionar o número de caixas e o local exato onde serão colocadas, chega o momento de fazer os recortes no gesso ou na alvenaria (menos comum), levando em conta os moldes disponibilizados pelos fabricantes. Procure preencher o espaço entre a caixa e o forro com lã-de-rocha, material com propriedades acústicas (capaz de evitar vibrações). Molas e parafusos garantem o correto travamento das caixas de embutir, que, em geral, exigem um recuo no gesso de até 15cm.
Em certos projetos, melhor do que embutir as caixas é optar por modelos compactos totalmente selados, suspensos com a ajuda de suportes. Mas não são caixas convencionais, pois estas não resistiriam às constantes mudanças climáticas. Nesse caso, o gabinete, por exemplo, deve ser feito de material rígido e resistente à ação do tempo. Em geral, é usado um plástico de polipropileno durável, ou uma variação desse, o chamado ABS, que suporta bem as vibrações e é projetado para resistir às diferentes situações meteorológicas. Já as caixas de plástico recebem resina resistente a raios ultra-violeta (UV). E vale a dica: os gabinetes de madeira não são indicados em locais sujeitos a chuva e umidade.
Componentes internos também devem ser resistentes à oxidação e precisam estar protegidos – através de uma eficiente vedação – contra umidade, água, sujeira e insetos. Cones de polipropileno ou kevlar (material leve e forte, usado para anular as ressonâncias indesejáveis) são bastante utilizados para os alto-falantes de médias e altas frequências. Tweeters de alumínio ou de titânio também são bem-vindos, já que esses metais apresentam maior resistência à maresia e à umidade. Para as telas, recomenda-se o uso de alumínio (ou outro material à prova de ferrugem) e aço inoxidável.
Já os terminais costumam ser banhados a ouro. E lembre-se: se a caixa oferecer suporte com múltiplas regulagens você não terá dificuldades para instalar em lugares pouco convencionais – pontos muito altos, como tetos; ou extremamente baixos, como pisos.
Outro aspecto importante é o grau de dispersão do som em ambientes externos. Portanto, é preciso ficar atento à maneira como o áudio é distribuído pela área desejada para proporcionar rendimento satisfatório. Em áreas externas, como não há superfícies para refletir o som, o índice de dispersão é grande e variável. Isso pode ocasionar “vazios sonoros” entre as caixas, que costumam admitir de 60W a 100W de potência.
Para garantir a uniformidade do áudio, Luciano Cavalcante, da Projessom, loja especializada de Fortaleza, recomenda manter uma distância proporcional entre as caixas. Não é por acaso que várias caixas outdoor são omnidirecionais, ou seja, podem dispersar o som em todas as direções. “Os locais com maior concentração de pessoas costumam receber mais caixas, pois nesses pontos espera-se melhor desempenho sonoro do sistema”, diz ele. E na hora da limpeza das caixas, basta passar um pano úmido no gabinete, ou uma esponja macia com sabão neutro, para reduzir sujeira aparente ou os efeitos da maresia – se a casa for em cidade litorânea. “A aplicação de silicone em gabinetes com revestimento de proteção contra raios solares ajuda a ampliar a durabilidade da caixa”, afirma Cavalcante.
*Texto publicado originalmente na revista HOME THEATER & CASA DIGITAL